O efeito dos tamponantes na Nutrição de Vacas Leiteiras

 

Os sistemas de produção de leite estão cada vez mais intensificados e as vacas estão cada vez mais produtivas. Com o aumento da produção de leite, a exigência nutricional do animal também aumenta e como consequência mais alimentos concentrados são demandados na dieta para suportar essa crescente produção. Esse alto consumo de concentrado maximiza a produção de ácidos graxos voláteis (AGV´s) no rúmen, sendo essa a principal fonte de energia das vacas leiteiras.

 

Entretanto, em situações de alta fermentação ou falhas na absorção, esses ácidos podem se acumular no rúmen. Nessas circunstâncias, os AGV´s contribuem para a diminuição do pH ruminal podendo levar, entre outros problemas, à acidose, problemas de casco e queda da gordura do leite com consequente prejuízo para a saúde dos animais, desempenho produtivo e reprodutivo. Além da absorção dos ácidos, os tamponantes presentes na saliva são grandes determinantes da estabilidade do pH do rúmen. Como forma de potencializar a ação de tamponamento ruminal, alguns tipos de tamponantes são utilizados na dieta para complementar esse efeito natural e ajudar a regular o pH fisiológico dos animais.

 

Os tamponantes adicionados na dieta são substâncias utilizadas com intuito principal de diminuir as variações de pH. O bicarbonato de sódio é, hoje, o tamponante mais popular e o mais utilizado em dietas de vacas leiteiras. A sua inclusão varia de 0,8 a 1,5% da matéria seca total ingerida pelo animal. Várias pesquisas demonstram efeitos positivos do bicarbonato, com relação ao tamponamento ruminal e sanguíneo e suas interações com o aumento de consumo e produção. Um aspecto importante a ser considerado é que: situações de elevação do bicarbonato circulante podem afetar negativamente a concentração de magnésio no sangue e essa é uma das razões que justificam o aumento da suplementação de magnésio na dieta a nível de campo.

 

O óxido de magnésio é um produto alcalinizante que, além de fornecer magnésio suplementar, é considerado um potencializador da capacidade de neutralizar ácidos. Por isso, muitas vezes o oxido de magnésio é adicionado em combinação com o bicarbonato de sódio buscando-se esse efeito. A dose normalmente recomendada gira em torno de 0,4% da matéria seca total ingerida.  Recomendações práticas a nível de campo sugerem relação 2:1, por exemplo: a cada 140g de bicarbonato na dieta, adiciona-se 70g de óxido de magnésio. Essa combinação afeta positivamente o rúmen, bem como contribui para a estabilidade da gordura do leite.

A farinha de algas é outra opção de alcalinizante que está ganhando muito espaço dentro das fazendas. Ela é fonte de carbonato de cálcio, que é extraído de reservas marinhas do esqueleto da alga Lithothamnium calcareum. A discussão sobre o uso da farinha de algas no Brasil, dentre outras razões, parte do fato de que o país detém uma das maiores reservas dessa fonte, facilitando seu uso. Outro ponto importante é que ela tem duas vezes o potencial tampão do bicarbonato de sódio, atuando no rúmen e no sangue mais rapidamente e por um período mais longo, o que pode permitir a redução de doses. Produtos contendo a combinação desses tamponantes e alcalinizantes vem sendo cada vez mais estudado devido ao potencial efeito combinado dessas fontes.

 

A utilização de tecnologias baseadas em produtos com efeitos positivos sobre o desempenho e metabolismo animal permitem aos animais enfrentar os desafios fisiológicos ao qual são expostos no dia a dia, além de atuarem de forma amena. Essas e outras alternativas contribuem com a saúde do animal, melhorando dados produtivos, permitindo mais longevidade ao rebanho e resultando, assim, em uma maior lucratividade para o sistema.

 

Fonte: Agroceres Multimix.